Pena de Ouro

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quarta-feira, 28 de julho de 2010

No olhar da serra...

Foto: Fatima Sampaio




À todas as Serras "Rola-Moça"
que existem nas nossas Minas Gerais...


Das linhas curvas da serra
Vejo ao longe
O traço retilíneo do horizonte
Firme,
Estável,
Sereno.
Entre eles escondida
A performance e a nuance da cidade
Borbulhando,
Agitando,
Explodindo,
Ecoando a vida.
Vejo a sincronia dos passos,
A harmonia dos movimentos
Nesta dança perfeita
Estabelecendo o vínculo estável
Entre a serra e a cidade.
- Como tu vês a vida lá embaixo, ó serra?!
- Como nos enxerga através da paz que emana do teu olhar?!
Como a nos dizer que não tens pressa, que consegues comtemplar o infinito
Que se abre à tua frente...
Permeie as nossas vidas
Com teu olhar infinito,
Com teu olhar pleno,
Com teu ritmo cadente
Sempre no mesmo compasso
Firme,
Estável,
Sereno.


Fátima Sampaio


Esta poesia acompanha a Exposição "Aspectos Urbanos"da artista plástica Iara Abreu e está postada no Mural dos Escritores.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

FERNANDO PESSOA


Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Constantemente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti
Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Caminhe mais devagar...

Caminhe mais devagar
não apresse o passo.
Caminhe mais devagar...
A vida nos é oferecida
em pequenos goles.
Saiba saborear cada gota,
apreciando o belo escondido no cotidiano.
Cantando a beleza da vida
em muitas notas, se preciso for,
de acordo com o seu compasso.

Caminhe mais devagar
não apresse o passo...

O rio sempre chega ao mar,
o sol nasce a cada manhã,
depois de cada entardecer
surge o brilho das estrelas
e a luz do luar.

Saiba parar,
refletir,
vivenciar e
contemplar, com renovado olhar,
a ternura e a suavidade do Criador.

Fatima Sampaio
Fevereiro/2010

Foto: Fatima Sampaio

CECÍLIA MEIRELES


Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecília Meireles


Aprendi com as primaveras
a me deixar cortar para poder voltar inteira.

Cecília Meireles

domingo, 11 de julho de 2010

O rio da minha vida


Quero navegar pelo rio da minha vida.
E no percurso garimpar aquilo que me faz viver intensamente: a mansidão, o sonho, a harmonia, o prazer, a realidade, a paz...
Quero despoluir o meu rio de toda morte e àgua turva...
Tempestades...
Quero me espelhar nas àguas da paz.
Construir pontes, barcos e velas.
Sujar-me no barro do suor e sustentação.
Chegar na praia e pisar na areia.
Ancorar meu barco.
Viver!!!

Fatima Sampaio
Julho de 2010
Foto: Fatima Sampaio